COSTURAR PARA CICATRIZAR

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Essa semana meu filho se machucou. Escorregou no chão molhado e foi direto com o queixo no chão; 3 pontos e um susto enorme.
Na hora em que vi o sangue sabia que tinha que olhar o que ocorrera, mas e a coragem? Para cuidar de quem amamos superamos qualquer medo – o amor é forte.

Lá fui eu olhar e constatar que precisava de pontos. Queria gritar, chorar...queria que alguém aparecesse e falasse com muita tranquilidade: “pode deixar, vou cuidar de tudo, vai ficar tudo bem, vai para o quarto chorar e gritar”; mas ao invés disso tive que engolir todos os berros que queria dar e todas as reclamações que queria fazer para culpar alguém pelo ocorrido (como se a culpa fosse fazer aquele acidente deixar de acontecer) para ir ajudar meu filho, levá-lo ao hospital para cuidar do ferimento.

Mas no dia seguinte os gritos não gritados e o desespero não desesperado ficaram entalados e passei o dia exausta, me sentindo a mosca do coco do cavalo.
Porque não gritar no desespero? Por que crescemos, amadurecemos e entendemos que para resolver algo é necessário calma para agir; o desespero paralisa. A vida é assim, engolimos gritos que queremos dar, choros que queremos deixar rolar para agir no lugar de deixar que outro aja por nós nas responsabilidades que nos cabem em cada momento.

É duro o aprendizado, é muito difícil entender e lidar com os nossos sentimentos e até pesado assumir responsabilidades, mas sem tudo isso somos crianças – o que não é nada mal – porém sendo crianças para sempre não assumimos nossa vida, não realizamos nossos sonhos, continuamos vivendo os sonhos de outrem, as regras de outrem, a vida de outrem, dependentes das decisões alheias para sempre.

O peso do estresse ainda permanece em mim, acho que demora um pouco a passar; digerir o que não gostamos é difícil, mas necessário para se libertar do passado.

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