“...Como é que a gente sabe quanto é demais? Muita coisa cedo demais? Informação demais? Diversão demais? Amor demais? É pedir demais? Quando é que tudo é demais para se aguentar?”
(Trecho de T2E10 - Muito Demais – Grey´s Anatomy)
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Todos já passaram, passam e irão passar por momentos ruins
na vida, mas o quanto dessa dose é possível aguentar? Eu acredito que
aguentamos o quanto aguentamos, e depois desse limite as mudanças acontecem.
Não há como a gente saber antecipadamente o quanto é demais,
pois nossos sentimentos só são experimentados no viver, então, vamos dançando
conforme a música e quando os acontecimentos são demais, os pés começam a doer
de tanto tentar se encaixar em um ritmo que não é nosso e é aí que sentamos e
paramos para descansar. É aí que vamos embora colocar os pés em uma salmoura e
paramos de tentar acompanhar a música que deixou de ser nossa.
Somos programados para irmos, e acho isso ótimo, pois assim
podemos mudar e crescer. É assim que transformamos algo ruim em algo bom.
Mas será que é sempre assim? Será que às vezes forçamos além
do limite e quebramos? Não tenho certeza se isso pode acontecer; penso que a
depressão, a loucura, a raiva, o desespero, e seja lá que outro
sentimento/estado for julgado como resultado do transpasse de limite do que se
pode aguentar, são mudanças na forma como se está vivendo. Quebras de conduta
quando chega o ponto em que não será mais possível suportar a situação com
sanidade.
Quando algo não está bom e percebemos, fazemos mudanças em
nossas vidas e essas mudanças nos levam para um caminho de aprendizagem do qual
saímos mais crescidinhos, mesmo que todo o processo não seja percebido por nós
e essa fase de tristeza, depressão, apatia...seja uma distração do momento para
que possamos parar, refletir, repousar, internalizar....e então, voltar à vida,
num ponto ALÉM do que estávamos,
pois apesar de não percebermos e acharmos que estávamos parados, todo esse
tempo em que achamos e acharam que não estávamos aguentando, na verdade
estávamos caminhando sem pisar no chão. O que
pareceu uma pausa foi nós nos carregando no colo, nos protegendo por um trecho
em que os pés doíam, o que de forma alguma nos faz desaprender a andar.
Quando eu era criança e saía à rua, minhas pequenas pernas
logo começavam a doer; minha mãe me pegava no colo e me carregava enquanto
minhas pernas descansavam e assim recobravam as forças. Ela me colocava no chão
novamente e eu podia andar alguns metros a mais do que antes até reclamar de
novo. Esse ciclo durou algum tempo, mas a cada caminhada eu podia andar um
pouco mais do que no dia anterior antes de apelar para o colo. Hoje, ando
sozinha por muitas e muitas quadras e aprendi a descansar no meio do caminho
quando os pés doem.
Podemos ir parando no trajeto para retomar o fôlego, mas com certeza, mesmo sem perceber,
continuamos caminhando sempre, o que muda é a velocidade.
Então, como é que
sabemos o quanto é demais? Acredito que quando
falamos não, quando temos atitudes diferentes estamos dizendo que dali em
diante é muito demais.
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